quinta-feira, 23 de maio de 2013

NA CONTRAMÃO / KONTRAŬFLUE



neste canto que alegrias minto?
minto muito ao dizer que só foi pranto?
em que canto ficou tudo o que sinto?
em que poema se perdeu meu canto?

que fica do poeta sem o encanto?
é poesia gota de alma inquieta
sempre perplexa com o próprio espanto?
sem mais perguntas não se tem poeta...

e me pergunto onde estarão as minhas?
e me interrogo alheio assim disperso
escondem-se em que parte destas linhas?
por que sumiram deste pobre verso?

poema lembra a dor da bailarina
a dor da perfeição e do exercício?
a poesia é sempre a dor mais fina
descobrir-se o poeta... fictício?

e embora se sabendo ficção
só sabe mesmo é que de nada sabe
sabe que vai seguir na contramão
dessa ruuua... 
                     finita                             

que não quer...                                                       que acabe

*****************
Kiun ĝojon mi kante ja mensogas,
remensogas dirante estis nur plor'?
en kiu kanto, mia tuta sento?
en kiu poem’ perdiĝis mia kant’?

sen sia ĉarmo, kien la poet’?
Malkviete gutas poezi’,
ĉiam perpleksa pri l’ mirego sia?
sen plu demandoj, kien la poet?

kien vi, demandoj miaj?, mi scivolas,
fremde, diseme, rescivolas mi.
sublinie? Kie kaŝite vi ire foras?
kial el povra verso fuĝas ci?

poemo, la dolor' de l' dancistin',
ĉu dolor' de l' ekzerca perfektec’?
poezi’, ĉu dolor’ la plej maldika?
ĉu fikcion sin taksas la poet'!

kvankam sciante sin fikci'
nur scias li, ke nenion li scias,
sekvos ja kontraŭflue, scias li,
ĉistraten...
                finiĝinte... 
                               neniel finu ĝi...




6 Comentários:

Às 24 de maio de 2013 às 14:44 , Blogger Nazaré Laroca disse...

Poeta Paulo Nascentes, parabéns pelo belíssimo poema, mas peço ajuda a Pessoa em meu comentário:

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

 
Às 24 de maio de 2013 às 16:44 , Blogger Lírica disse...

Na seriedade e na dor o poeta dobra-se sobre si mesmo e escoa no verso o parto de viver que é um ser e um não ser infinito...
Bonito seu poema.
Obrigada.

 
Às 24 de maio de 2013 às 23:11 , Blogger PaPos Nascentes: Paulo P Nascentes disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
Às 24 de maio de 2013 às 23:13 , Blogger PaPos Nascentes: Paulo P Nascentes disse...

Dankon pro viaj vortoj ĉiam ĝentilaj, poetinoj Nazaré kaj Lirica. Doloro ŝajna, mensoga aŭ vera, dolor' poezie sincera. Verŝajne, jes.

 
Às 27 de maio de 2013 às 15:22 , Blogger Blogdopaulo disse...

Poezio metafizika, en kiu la poeto rigardas sin kiel objekton de Poezio. Chi tie, ne la Poezio estas objekto de la poeto. Kaj ni, legantoj, rave kontemplas la ludan jhongladon magian

 
Às 28 de maio de 2013 às 18:12 , Blogger PaPos Nascentes: Paulo P Nascentes disse...

Releginte la Poezion laŭ la supraj vortoj de PSV, ĝi alimiene montriĝis. Jen unu el la riĉecoj de poezio legata de poetoj...

 

Postar um comentário

Komentarioj bonvenas. Comentários sobre poemas são bem vindos.

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial