quarta-feira, 1 de março de 2017

EMANCIPAÇÃO HUMANA E O USO DE UM INTRUMENTO UNIVERSAL DE COMUNICAÇÃO: o papel do Esperanto na solução do drama dos refugiados de guerra / HOMA EMANCIPIĜO KAJ LA UZO DE UNIVERSALA KOMUNIKILO: la rolo de Esperanto por la solvo de la dramo de milit-refuĝintoj



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Paulo Nascentes[i]
Qualquer língua, na medida em que dá aos seus falantes a possibilidade de comunicarem entre si, impedindo-os de comunicarem com os outros, é simultaneamente uma libertação e uma prisão. O Esperanto, concebido como meio de comunicação universal, é um dos grandes projetos de emancipação do ser humano que passaram à prática. Trata-se de um projeto que permite a qualquer pessoa participar como indivíduo na comunidade humana, mantendo-se arraigado à sua identidade cultural e linguística, sem, no entanto, nada coercitivo por essa mesma identidade.
Entendemos que as línguas nacionais, quando utilizadas em regime de exclusividade, acabam por levantar obstáculos à liberdade de expressão e de comunicação, bem como à liberdade associativa. Somos um movimento em prol da emancipação do ser humano.
 Emancipação humana. In:

Carcharodon carcharias, ou tubarão, Balaenoptera physalus, baleia, Delphinus delphis, golfinho, Aquila chrysaetos, águia, recentemente Homo sapiens compartilham a espaçonave Mãe Terra. Viajamos todos às Infinitas Possibilidade de Ascensão no universo multidimensional da Consciência Una. Nem sempre em paz. Alguma linguagem e a consequente capacidade de comunicação tem sido usada. Mas, só o Sapiens usa a assim chamada dupla articulação[1], produz inúmeras línguas, dialetos, falares. Ao migrar pelo Planeta constitui a exceção. Indivíduos das demais espécies conservam intocável a capacidade de comunicação e com rudimentos de linguagem logo se adaptam às novidades do meio. Ao contrário, o Sapiens poderá passar sérios apertos ao migrar em terras estrangeiras sem falar a língua local, mesmo falando a língua do império. Na falta de uma comunicação eficaz, como fluir na socialização frente aos desafios?
Preservada, capacidade de comunicação implica emancipação, autonomia, independência, liberdade de gerir a própria existência. Emancipação humana facilitando a felicidade – eis nosso tema. O Manifesto de Prago[2] enumera as exigências de um meio de comunicação facilitador de viagens, convivência com os da mesma espécie sem qualquer barreira ao entendimento, à colaboração, conforme acontece com os demais mamíferos, os peixes, aves, insetos.
Qual a saída para o impasse, ante a impossibilidade prática de falar fluentemente tantas línguas durante a existência? Até aqui, desalentadoras nossas escolhas, frustrantes os modernos aparelhos portáteis. De modo algum superam a riqueza viva do bate papo, olho no olho, as afetivas e efetivas trocas em todos os níveis. Usar língua nacional em contexto internacional implica matar a democracia, a diversidade de línguas e mais: a igualdade de direitos, de direitos linguísticos de cada pessoa, como propõem os acordos multilaterais.
Ainda me comove um significativo episódio vivido em 2002, em Fortaleza, durante meu primeiro congresso internacional inteiramente livre dos malditos fones de ouvido. Notei então o drama de uma simpática e frágil senhora japonesa, 94 anos, perdida por desconhecer a cidade e a língua local. Hospedados no mesmo hotel, a pasta no meu ombro e seus dizeres denunciavam nosso possível destino comum. Arriscou: “Pardonu min, kiu estas la buso por la kongresejo?” Disse-lhe que também ia ao congresso mundial de Esperanto. No ônibus ela revelou que queria fazer surpresa à neta residente em São Paulo com uma saudação em português. Logo telefonaria à neta. A pedido, usei o alfabeto de Esperanto na transcrição fonética da frase: “Mi volas paroli al vi”. Com esse genial recurso, conseguiu ler com irretocável pronúncia: [ke’ru falaĥ’ kun vose’]. Qualquer outro falante de Esperanto teria sucesso igual. Boquiaberto vim a descobrir importante papel e função da Lingvo Internacia, ao ver seu rosto radiante de alegria. Contou-me a emoção da neta ao ouvi-la em português. Nas pausas para o café, o mesmo risonho aceno de mão! Vivia totalmente só numa aldeia japonesa, plantava sua horta e faz tempo que viajava todo ano pelo mundo para participar de um congresso mundial. Ela só sabia o Esperanto além do japonês. Que raro exemplo de autonomia, liberdade, cidadania mundial! Fragilidade coisa nenhuma!
Emancipação humana se dá nos diversos níveis de experiência entre parceiros que também acalentam no coração esse desejo, nós todos enfim. Cedo crianças se tornam prisioneiras de mandatos parentais e sociais da família e da cultura, etnia, poderosas crenças tribais, dogmas colhidos em livros sagrados, preleções, escolas, igrejas, saberes com a bênção da ciência ou misturados em sonhos, o assombro ante o inexplicável, quanta impregnação por sacudir da pele, dos pelos! Já é tempo de completa emancipação pela força do espírito livre, incondicionado. Essa emancipação romperá velhos selos, desvelará a pureza da missão de vida, até então insuspeita. Já é tempo da inelutável certeza de que somos uma totalidade espiritual vivendo uma experiência corporificada. Vivemos simultaneamente em várias dimensões. Já é tempo da comunhão com a magia do cristal líquido[3], presente nos livros, portais e sussurros embalados pelo exótico comportamento de partículas subatômicas, como sugere a Física Quântica. Mas, o que dizer sobre o instrumento internacional de comunicação, que na certa precederá a vindoura era da telepatia?
Pesquisas na Internet mostram um silencioso e inesperado crescimento do número de pessoas que já falam ou que querem aprender o Esperanto. Querem em suas experiências com amigos e amigas de outras culturas deixar de lado o auxílio de intérpretes. Nunca mais visitas guiadas ao Exterior, roteiros previamente planejados, escuras janelas de ônibus frios, climatizados, confortáveis. Não mais traduções simultâneas ou sequenciais. Delegados de diversos países em reuniões multilaterais enfim jogarão fora fones de ouvido, gafes linguísticas e desnecessários constrangimentos, só engraçadas e risíveis depois de desfeitos os embaraços mal disfarçados. Novas gerações de falantes de Esperanto desde já se divertem muito em lares estrangeiros, onde praticam Esperanto e a língua local, enquanto curtem a cultura de chineses, peruanos, cazaques, espanhóis, eslovenos, italianos, franceses, nigerianos, japoneses, escandinavos. Livre de barreiras pela diversidade de línguas e dialetos, o mundo fica ainda mais acolhedor e atraente. Quem vive a cultura transnacional que vai sendo criada e ampliada na própria fruição não quer outra forma de vida. Nesse contexto, a emancipação humana por meio de um instrumento internacional neutro de comunicação capaz de ligar cada coração e mente a todos os demais logo acende o riso fraterno dos contatos face a face, alarga a intercompreensão solidária, redimensiona o amor a níveis antes inimagináveis.
Por que não menciono os refugiados? Simples. A emancipação de cada pessoa pelo poder do Espírito e do Amor faz da separatividade mera ilusão. Refugiados têm abrigo na Unidade, que de fato somos.
É o milagre da emancipação humana, inteireza rumo à felicidade comum. Nós merecemos!







[i] Esperanto-instruisto (UnB/LET/UnB Idiomas) kaj BEL-estrarano.


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Paulo Nascentes[i]

Ĉiu lingvo liberigas kaj malliberigas siajn anojn, donante al ili la povon komuniki inter si, barante la komunikadon kun aliaj. Planita kiel universala komunikilo, Esperanto estas unu el la grandaj funkciantaj projektoj de la homa emancipiĝo - projekto por ebligi al ĉiu homo partopreni kiel individuo en la homa komunumo, kun firmaj radikoj ĉe sia loka kultura kaj lingva identeco, sed ne limigite de ili.

Ni asertas, ke la ekskluziva uzado de naciaj lingvoj neeviteble starigas barojn al la liberecoj de sinesprimado, komunikado kaj asociiĝo. Ni estas movado por la homa emancipiĝo.
Homa emancipiĝo. In:

Carcharodon carcharias, aŭ ŝarko, Balaenoptera physalus, baleno, Delphinus delphis, delfeno, Aquila chrysaetos, aglo, kaj ĵuse Homo sapiens, inter aliaj, kunprofitas la spaco-ŝipon, nome Panjo Tero. Ĉiuj vojaĝas al Senfino de Eblecoj de Ascendo en la pluridimensia universo de Konscienco de Unuo. Ne ĉiam pace. Ajna lingvaĵo kaj sinsekva komunikkapablo uzadas. Tamen, nur Homo sapiens uzas la tielnomatan duoblan artikulacion[1], produktas sennombron da lingvoj, dialektoj kaj lokaj elparoloj. Kiam migras tra la Planedo, ili estas escepto. La individuoj de la ceteraj specioj tenas netuŝebla la komunikkapablon kaj, pere de la kunlaboro per elementa lingvaĵo, tuj adaptiĝas al novaĵoj de la medio. Male, Sapiens povos travivi mistrafojn dum migrado en fremdan landon sen paroli la lokan lingvon, eĉ se parolanta la imperian lingvon. Manke de efika komuniko, kiel sociiĝi por respondi al la defioj?

Gardita, la komunikkapablo implicas emancipadon, alivorte, memstaron, sendependecon, mem-regadon, liberecon gvidi la propran ekzistadon. Homa emancipiĝo faciliganta feliĉon estu do nia temo. Manifesto de Prago[2] envicigas la antaŭpostulojn por komunikilo nin faciliganta vojaĝojn kaj kunvivadon kun niaj samspecanoj. Tio okazos sen ajna komprena baro, per kunlaboro, kiel okazas al la ceteraj mamuloj, al fiŝoj, birdoj, insektoj.

Ĉu ekzistas iu elturniĝo por tiu nia senelira situacio, konsiderante la praktikan maleblon flue paroli tiom da lingvoj dum la ekzistado? Ĝis nun malesperigaj estadas niaj elektebloj. Frustraj estas la esperoj proponataj de modernaj porteblaj aparatoj. Neniel ili superas la vivantan riĉecon de babilado, vid-al-vide, starigante afekciajn kaj efikajn interŝanĝojn ĉiujnivele. Uzi nacian lingvon en internacia kunteksto implicas ja formortigi demokration, lingvan diversecon kaj precipe la egalrajtecon, la lingvajn rajtojn de ĉiu persono, laŭ proponite kadre de plurflankaj interkonsentoj.

Ankoraŭ min kortuŝas signifoplenan epizodon travivitan en 2002, en Fortalezo, dum la partopreno en mia unua internacia kongreso de Esperanto, evento tute libera je la uzo de aĉaj aŭskultiloj. Akompanis mi tiam la dramon de ĉarma kaj fragila japana sinjorino, 94-jaraĝa, perdita pro malkono de la urbo kaj de la loka lingvo. Ni gastiĝis en la sama hotelo. La dokumentujo pendigita sur mia ŝultro denuncis nian eblan komunan destinon. Ŝi riskis: Pardonu min, kiu estas la buso por la kongresejo? Responde mi informis, ke ankaŭ mi iris al la universala kongreso de Esperanto. En la buso ŝi diris, ke ŝi volis surprizigi sian nepinon loĝantan en San-Paŭlo per salutvortoj en la portugala. Tuj poste ŝi alvokus telefone la nepinon. Uzante laŭpete la alfabeton de Esperanto kiel fonetikan transskribilon, mi portugaligis la frazon: Mi volas paroli al vi. Jen per tiu genia rimedo, ŝi sukcesis diri ĝin per neriproĉebla prononco: [ke’ru falaĥ’ kun vose’]. Ajna alia Esperanto-parolanto same bone tion sukcesus fari. Mi gape ekmalkovris gravan rolon kaj funkcion de la Lingvo Internacia, vidante la lumigitan vangon pro la ĝojo, kiam ŝi raportis al mi pri la kormovo de la nepino, kiam ŝi aŭskultis la mesaĝon portugale. Dum kafopaŭzoj, la sama ridetoplena mansvingo! Ŝi vivis tute sola en japana vilaĝeto, plantis legomejon kaj delonge vojaĝadis ĉiujare tra la mondo por partopreni la universalan kongreson. Ŝi nur scipovis Esperanton krom la japanan. Kia rara ekzemplo de aŭtonomeco, libereco, monda civitaneco! Nenia fragileco do!

Homa emancipiĝo okazas laŭ la diversaj niveloj de la persona travivaĵo inter partneroj ankaŭ dorlotantaj kore tiun deziron, ni ĉiuj finfine. Frue infanoj estas enkatenitaj de parencaj kaj sociaj ordonoj de la familio kaj kulturo, etno, povaj tribaj kredoj, dogmoj rikoltitaj el sanktaj libroj, prelegoj, lernejoj, skoloj, eklezioj, scioj havantaj la benon de scienco aŭ tiaj, kiuj enmiksiĝas en sonĝoj kaj evidentoj de gapoj antaŭ tiom da aferoj neklarigeblaj, ho kiom da penetrigoj skuotaj el haŭto kaj pelto! Jam temp’ está de kompleta emancipiĝo per la forto mem de spirito libera, senkondiciita. Tiu emancipiĝo frakasos malnovajn sigelojn, malvualigante la purecon de la vivmisio ĝis nun malsuspektata. Jam temp’ está de la nedisputebla certeco ke ni estas spirituala tutaĵo vivanta korpigitan sperton. Ni vivas samtempe en pluraj dimensioj. Jam temp’ está de la komunio kun la magio de la likva kristalo[3], kiu enestas librojn, portalojn kaj susurojn lulitajn de la ekzotika konduto de subatomaj partikloj, laŭ sugestite de la Kvantuma Fiziko. Sed, tamen kion diri pri la internacia komunikilo, kiu certe antaŭvenos la estontan eraon de telepatio?

Perretaj esploroj montras silentan kaj neatenditan kreskon de la nombro de homoj jam parolantaj aŭ kiuj volas lerni Esperanton. Tiuj volas ke siaj spertoj kun gefratoj de aliaj kulturoj preterlasu la peradon de interpretistoj. Neniel plu gvidataj vizitoj al Eksterlando, antaŭplanitaj itineroj, malhelaj fenestroj en klimatizitaj komfortaj aŭtobusoj. Ne plu samtempaj aŭ sinsekvaj tradukoj. Diverslandaj delegitoj dum multflankaj kunsidoj finfine forĵetos aŭskultilojn, lingvajn misinterpretojn kaj nenecesajn ĝenojn, kiuj nur estas gajaj kaj ridindaj post la forpelo de la apenaŭ kaŝeblaj embarasoj. Novaj generacioj de Esperanto-parolantoj, siavice, multe amuziĝas en la vizitataj fremdaj hejmoj, kie ili praktikas Esperanton kaj la lokan lingvon, dum profite frandas la kulturon de ĉinoj, peruanoj, cazaĥoj, hispanoj, slovenoj, italoj, francoj, niĝerianoj, japanoj, skandinavoj. Sen la baro de la diverseco de lingvoj kaj dialektoj, tiu mondo iĝas ankoraŭ pli altira kaj alloga. Kiuj vivas la transnacian kulturon, kiu kreiĝas kaj ampleksiĝas laŭpaŝe de ĝia fruado ne volas alian vivmanieron. En tiu kunteksto, la homa emancipiĝo per neŭtrala internacia komunikilo, kapabla ligi ĉiun koron kaj menson al ĉiuj ceteraj tuj starigas la fratan ridon dum vid-al-vidaj kontaktoj, pliigas la solidaran interkomprenon, redimensias la amon al niveloj antaŭe neimageblaj.

Kial mi ne mencias la refuĝintojn? Simple. La ĉiuhoma emancipiĝo per la povo de Spirito kaj Amo senpovigas apartigecon, nur iluzio. Refuĝintoj vere ŝirmiĝas ĉe la Unuo, kiu ja ni estas.

Al tiu miraklo oni povas nomi homan emancipiĝo tra la senfrakcieco cele al ĉies komuna feliĉo. Ni tion meritas!




[i] Esperanto-instruisto (UnB/LET/UnB Idiomas) kaj BEL-estrarano.

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